Menina de 11 anos obrigada a casar

Afinal "não tem nada a ver com tradições ciganas" e quem o diz é o presidente da União Romani, Vítor Marques. O caso da míuda obrigada a casar com 11 anos, confirma-se que se trata de etnia cigana como algumas vozes já faziam circular. Mas com esta declaração já é moralmente aceitável que se condene. Senão tínhamos que aceitar tal ancestral tradição. Caso contrário éramos racistas. Toda a tradição merece ser respeitada e devemos absternos de criticar a diferença? Não se esta for contra os nossos príncipios e aqueles que acreditamos ser os do bom caminho do desenvolvimento da humanidade.
O mesmo presidente da associação acrescenta ainda que se está a ganhar consciência da maturidade necessária para o casamento.
E atenção, o caso não é mais nem menos condenável por se tratar de uma família romani. É um post sobre uma discussão que tenho tido muito ultimamente sobre os limites do que é racismo e o que são críticas a formas de viver, e o direito que temos de comentar a cultura alheia.

7 opinioes:

  • "bom caminho do desenvolovimento da humanidade"... curioso...

  • desenvolvimento*

  • Paulo:

    Quanto a esse assunto, recomendo
    este post
    do Filipe Alves:

    «Resposta do então Governador da Índia Britânica a uma delegação hindu que reclamava contra a proibição do sati, o costume ancestral de queimar as viúvas juntamente com os maridos falecidos:

    "You say that it is your custom to burn widows. Very well. We also have a custom: when men burn a woman alive, we tie a rope around their necks and we hang them. Build your funeral pyre; beside it, my carpenters will build a gallows. You may follow your custom. And then we will follow ours." Sir Charles Napier (1782/1853).»

  • Não sílvia, bom caminho do desenvolvimento da humanidade é obrigar a casar míudas de 11 onze anos contra a vontade dela, é queimar mulheres vivas, e escravizar 'pretos'. Depois do meu exagero dá para perceber que há de facto o bom e o mau caminho?

  • Tal como pudeste ver na notícia nas declarações do presidente da União Romani, o que se passou com a miúda "nada tem a ver com tradições do casamento cigano". E, aliás, comprovando isso mesmo, a família da criança denunciou o familiar às autoridades.

    O meu comentário anterior referia-se ao facto de haver sempre aqueles que acham que o seu caminho é melhor do que o dos outros. E não só melhor, como também o mais justo, o mais correcto e o mais digno. É exactamente sobre esta posição egocêntrica, como já é habitual na civilização ocidental - "os detentores da verdade" - que eu coloco a minha ênfase.

    Escravizar negros e matar mulheres vivas já foi prática comum neste nosso país! Ou não?

    Não devemos ser acríticos e não ter opiniões formadas sobre as culturas que conhecemos (e sublinho esta ideia – que conhecemos). Agora, daí a querer subjugá-las porque são tidas como culturas inferiores já é uma história completamente diferente.

    A diversidade e a universalidade, de resto, serão sempre duas questões que estarão na base de qualquer debate deste tipo. Se, por um lado, a posição universalista leva a alguma arrogância e a condenações não muito justas, a posição relativista face à diferença, por outro lado, pode levar a uma desculpabilização e até mesmo ao abuso por parte de algumas culturas ou subculturas. Logo, a meu ver, uma posição mais assertiva seria a de tratar os casos, individualmente, segundo princípios mais gerais de imparcialidade, direito, justiça ou equidade para não cair em extremos.

  • "E, aliás, comprovando isso mesmo, a família da criança denunciou o familiar às autoridades."

    Foi exactamente o que eu disse, sem falar da família, falei do Vitor Marques.

    "É exactamente sobre esta posição egocêntrica, como já é habitual na civilização ocidental - "os detentores da verdade" - que eu coloco a minha ênfase"

    É exactamente sobre isto o meu post. É que de facto eu sinto-me dono da razão quando comparado com situações destas, escravidão, violência 'obrigatória' e 'gratuita', etc.. E se este tipo de situações já aconteceu em Portugal, também essa parte da história me merece crítica. Aquele pensamento com que me respondes neste último comentário é exactamente o tipo de resposta que me mereceu o post: eu não escrevi por se tratar de uma família cigana, escrevi porque achei um atentado à liberdade individual de um individuo. Por isso, crítico se for português, cigano, preto, amarelo e roxo.

    "Não devemos ser acríticos e não ter opiniões formadas sobre as culturas que conhecemos (e sublinho esta ideia – que conhecemos). Agora, daí a querer subjugá-las porque são tidas como culturas inferiores já é uma história completamente diferente."

    Por isso é que te digo que a minha opinião não foi acrítica nem de uma opinião previamente formada 'racista'. Foi de uma ideia previamente formada de respeito pelos direitos de cada um, seja ele cigano ou não.

    Por isso reforço-te, penso que existem caminhos certos e caminhos errados. E com isto não quero dizer que não existam outros caminhos certos que não o da cultura dita ocidental. Existem. E temos muito a aprender uns com os outros. A questão é que existem caminhos que são, de facto, errados porque não respeitam a liberdade e o respeito mutuo.

  • rei deus patrão afilhados disse...

    Esses ciganos era queima-los todos à paulada. Lixito.