2008 veio marcar o início da maior crise das últimas décadas. Porém, se olharmos de outra perspectiva, este também pode ser uma oportunidade de mudança. A reestruturação dos mercados financeiros e das estruturas produtivas dos países poderá beneficiar as camadas mais jovens da população, com educação superior e maior domínio das novas tecnologias, rejuvenescendo o tecido empresarial em países de matrizes económicas mais conservadoras como Portugal, por exemplo. Infelizmente, os políticos não estão muito empenhados nisso. A administração americana está a financiar, com os impostos dos contribuintes, empresas automóveis que constroem carros que ninguém compra. As implicações destas acções atravessam fronteiras, havendo até quem diga que estas medidas vão prejudicar empresas portuguesas, como a Autoeuropa. Ao que parece, as principais vendas para o estrangeiro da maior exportadora portuguesa têm como destino os EUA, sendo impossível mantê-la só com o mercado interno português. Da mesma forma, por toda a Europa, se preparam planos de contingência para enfrentar a crise. Não nos podemos esquecer, contudo, da quantidade de dinheiro que vários sectores industriais gastam, para fazer lobby, em Bruxelas, tentando puxar a brasa à sua sardinha. Quando muitos políticos estão de acordo, relativamente a um assunto, ou o problema é mesmo flagrante ou há «marosca». Portugal, como sempre, não foge à regra, estando em forja mais um rol de projectos públicos megalómanos de retorno duvidoso, excepto para as construtoras. Enquanto me parece que o aeroporto de Alcochete é um investimento necessário, o TGV só vem confirmar que a sanidade mental começa a escassear em alguns círculos políticos.
Mas nem tudo é mau. O preço do barril de petróleo caiu a pique, nos últimos meses, incentivando a mobilidade em detrimento da fixação. Mais do que nunca, é necessário encontrar destinos viáveis, em mercados alternativos, para os produtos nacionais. Os défices gémeos (externo e orçamental) têm de ser combatidos a todo o custo, caso contrário, toda a riqueza produzida, dentro de alguns anos, só vai servir para pagar taxas de juros. Também o custo das matérias-primas estabilizou, evitando algumas das catástrofes humanitárias que se previam.
A nível local, devido ao facto de estar a residir, quase a tempo inteiro, em Guimarães, redescobri o quão incrivelmente deprimente é morar cá. Ter 20 anos e andar por estas paragens só não é motivo de suicídio colectivo por mero acaso. Durante a semana, não há nada de minimamente interessante, para fazer, nas redondezas. Se numa das principais cidades do país se dá este fenómeno, é preciso pensar porque é que os jovens fogem a sete pés das zonas rurais do interior. Podem crer que não é a pôr lá uma urgência hospitalar que eles voltam. É preciso pensar positivo e comprar bilhetes de avião. Feliz 2009.
Hugo Monteiro
Mas nem tudo é mau. O preço do barril de petróleo caiu a pique, nos últimos meses, incentivando a mobilidade em detrimento da fixação. Mais do que nunca, é necessário encontrar destinos viáveis, em mercados alternativos, para os produtos nacionais. Os défices gémeos (externo e orçamental) têm de ser combatidos a todo o custo, caso contrário, toda a riqueza produzida, dentro de alguns anos, só vai servir para pagar taxas de juros. Também o custo das matérias-primas estabilizou, evitando algumas das catástrofes humanitárias que se previam.
A nível local, devido ao facto de estar a residir, quase a tempo inteiro, em Guimarães, redescobri o quão incrivelmente deprimente é morar cá. Ter 20 anos e andar por estas paragens só não é motivo de suicídio colectivo por mero acaso. Durante a semana, não há nada de minimamente interessante, para fazer, nas redondezas. Se numa das principais cidades do país se dá este fenómeno, é preciso pensar porque é que os jovens fogem a sete pés das zonas rurais do interior. Podem crer que não é a pôr lá uma urgência hospitalar que eles voltam. É preciso pensar positivo e comprar bilhetes de avião. Feliz 2009.
Hugo Monteiro
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