Sem alternativa

É assim o estado actual do país. Muitos criticam o trabalho de José Sócrates. Outros tantos estão do lado dele. Mas a grande maioria do eleitorado do país está neste momento descrente. Antes de mais, porque cada vez menos portugueses acreditam na classe política portuguesa. Fraudes, fugas ao fisco, uso do poder para beneficiar este ou aquele, jobs para todos os boys, falta de argumentos e de projectos concretos para o país e, essencialmente, o vazio que encontrámos na discussão entre partido do governo e oposição.

De um lado temos um Partido Socialista, a governar com maioria absoluta, e sem necessidade de ouvir quem quer que seja. Sirva ao menos isto para se fazerem as grandes reformas. Não a "metade da missa" como têm acontecido. Vá-se mais longe. Mexa-se mais fundo. E especialmente, que se trabalhe mais para a governação do país e do povo, do que para as medidas mediáticas e que nunca chegam tal como são anunciadas à prática.
Do outro lado, uma oposição a três andamentos. A grande velocidade, o Partido Comunista. Apesar de trabalhar na sombra, montou uma guerrilha armada, que vai sendo a sombra deste e daquele sindicato. A meio gás PSD e CDS-PP. Até aparecem. Até dão a cara. Mas sempre pelos piores motivos. Ambos, antes de mais, vendem o seu peixe como um verdadeiro partido da oposição. Para o povo! Nem que para isso, dêm opiniões e defendam causas que pouco têm que ver com a matriz ideológica que os deveria reger. E para além disto, está na liderança do maior partido da oposição, um líder que deixa de todo a desejar. A cada semana saio um tiro para o pé. E quando não sai para o pé, vai na direcção do alvo, mas bate bem ao lado.
O último dos andamentos da oposição é o do Bloco de Esquerdo. Apagado, monocórdico e com o passar do tempo, e o desgaste da vitalidade com que iniciaram esta década anos de partido, vão tendo alguns tiques de PC. Falam por cassete e quase não renovam as suas figuras de proa.

Goste-se ou não, em Portugal, bem ou mal servidos, dificilmente mudaremos em 2009 para melhor que José Sócrates. Resta-nos esperar para ver, como gere o Engenheiro, a necessidade de governar sem maioria absoluta.

A ler:
Casimiro Silva, em "um certo olhar"
Eduardo Maia Costa
, em "Sine Die"

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