Os jovens e a política

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"No passado mês de Maio o blogue onde particípio, Colina Sagrada, levou a cabo, com o apoio do São Mamede – CAE, um debate sobre o tema da participação dos jovens na política.

A conversa durou estóicas 3 horas sempre com um nível de interesse assinalável. Desmistificadas que estão, há muito tempo, as causas modernas da falta de interesse – da quase inexistente credibilidade dos políticos à falta de conhecimento e formação cívico-política por parte das novas gerações – surgiram soluções para todos os gostos. A criação, que seria um regresso, de uma disciplina de formação politica, ou a inclusão dessa matéria no plano de estudos da incipiente Formação Cívica; a urgência do Conselho Municipal de Juventude ou a proposta, já antiga, do parlamento jovem Municipal, pelo lado do despertar de interesses; ou ainda, pelo lado da credibilização e transparência, a modificação do sistema eleitoral com a criação de ciclos uninominais, até à mais constante prestação de provas por parte dos políticos.

São muitas e diferentes as soluções para um problema que causa, a título de exemplo, uma constante abstenção nas eleições nacionais e regionais, superior aos 50%, ou a simples falta de participação cívica nas causas de interesse comum, que hoje em dia até as Associações de Alunos se coíbem de a fazer.

Mas há aspecto que me parece consensual: urge chegar a uma plataforma de acordo entre os jovens cívica e politicamente activos, para que se discuta mais, para que se ponham mais vezes de lado os interesses dos seniores e a defesa de causas em que nem os próprios acreditam e se lute de novo, sob a perspectiva própria de cada um, pelas problemáticas que são comuns da esquerda à direita.

E digo isto porque me parece que o problema que temos hoje em dia é bem mais grave do que falta de participação. É um facto incontornável que os números de jovens a participar activamente na politica estão francamente abaixo do desejável. Mas não é menos verdade, que uma parte dos que participam se movem por valores inexistentes, ou motivações que subvertem a lógica da politica ao serviço do cidadão. A juntar a um imobilismo, que não deverá ser alheio a estas motivações, que impede as juventudes de se mobilizarem pelas causas justas, que não sejam apenas as ditas fracturantes.

Há quase duas décadas fechavam-se pontes e negava-se até às últimas consequências a inclusão de propinas no Ensino Superior. Hoje pagamos “dois salários de jovem”, os novos 500 euros, perfazendo quase 1000 sem reclamar,  por um ano de frequência na Universidade e elege-se Cavaco Silva para Presidente da República. Dá que pensar! "


Texto publicado na última edição do jornal "O Povo de Guimarães"
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