Lia-se na edição nº 782, de 28 de Fevereiro de 2008, da revista “Visão”, uma excelente reportagem, de Clara Teixeira e Joana Fillol, chamada “Geração em saldo”. Na peça podíamos ler alguns números assustadores do que, ao emprego jovem, diz respeito. A verdade é que a realidade já todos a conhecemos. A geração dos 18-35 actual, na qual eu me encontro, atravessa muitas dificuldades. O que serve para acentuar muitas das vezes os problemas já existentes na geração dos pais.
Com ou sem formação, arranjar emprego não é uma tarefa fácil. Mas para quem não tem formação, existe sempre a hipótese de agarrar algumas oportunidades que lhes são dadas. Mas a vida nem sempre o permite. E a necessidade de liquidez num agregado familiar muitas vezes apressa a decisão entre a escola ou o mundo do trabalho. Mas no caso da reportagem que falava, o desemprego em jovens com formação (licenciatura, pós-graduação, mestrado ou doutoramento) preocupa bastante mais.
O hábito de contratar jovens a prazo é conhecido. E o novo hábito de fazer uma rotatividade entre estes contratos é assustador. Para a entidade que emprega, faz todo o sentido! Contratar um licenciado acabado de sair, com enorme vontade de trabalhar a qualquer custo, dando-lhe um estágio, ou posteriormente um subsídio encapotado de ordenado, a recibos verdes. E o pior é que, dependendo obviamente das áreas, as condições nem são as melhores. A liberdade para inovar ou fazer algo diferente das rotinas das empresas é prontamente censurada pelos patrões, que muitas das vezes são empresários à moda antiga. 4º ou o 6º ano de escolaridade, e que de negócios apenas entendem o que adquiriram com a experiência. Pouca teoria, e demasiado poder para quem pode vetar as decisões de um licenciado.
A verdade é que o número de empregos jovens, até teve algum crescimento. E é verdade também, que os números podem ser analisados com enorme boa vontade. É mais fácil a um licenciado procurar emprego, e em média o salário que irá receber será superior ao do não licenciado. Mas se aos números juntarmos o crescimento do emprego precário e dos estágios profissionais e profissionalizantes, percebemos que os números não são assim tão animadores para quem ainda procura emprego. E, sem terem essa noção muitas vezes, também para quem está na altura de decidir entre trabalhar ou prosseguir os estudos no ensino superior.
Mas o estado tem aqui um papel muito importante, e que terá que o assumir rapidamente. O ensino superior não é, nem pode ser um negócio. Então, por muito que uns milhares de novos alunos anuais em cursos falidos a nível de saídas profissionais, seja lucrativo, aquilo que representará a saída de toda essa gente para um mercado de trabalho que não os conseguirá absorver, poderá resultar, não só em gastos directos do estado, como em revoltas sociais e até mesmo em problemas psicológicos para os futuros desempregados. Está na hora de fechar cursos, e de limitar as entradas noutros. Acompanhando tudo isto com incentivo à formação profissional e técnica dos finalistas do 9º e 12º ano de escolaridade.
É urgente legislar de forma mais apertada, os contratos de trabalho. Acabar com os absurdos dos 6 anos de contratos a prazo, e fiscalizar os que passam desse limite ilegalmente, e dos contratados a recibos verdes.
Com ou sem formação, arranjar emprego não é uma tarefa fácil. Mas para quem não tem formação, existe sempre a hipótese de agarrar algumas oportunidades que lhes são dadas. Mas a vida nem sempre o permite. E a necessidade de liquidez num agregado familiar muitas vezes apressa a decisão entre a escola ou o mundo do trabalho. Mas no caso da reportagem que falava, o desemprego em jovens com formação (licenciatura, pós-graduação, mestrado ou doutoramento) preocupa bastante mais.
O hábito de contratar jovens a prazo é conhecido. E o novo hábito de fazer uma rotatividade entre estes contratos é assustador. Para a entidade que emprega, faz todo o sentido! Contratar um licenciado acabado de sair, com enorme vontade de trabalhar a qualquer custo, dando-lhe um estágio, ou posteriormente um subsídio encapotado de ordenado, a recibos verdes. E o pior é que, dependendo obviamente das áreas, as condições nem são as melhores. A liberdade para inovar ou fazer algo diferente das rotinas das empresas é prontamente censurada pelos patrões, que muitas das vezes são empresários à moda antiga. 4º ou o 6º ano de escolaridade, e que de negócios apenas entendem o que adquiriram com a experiência. Pouca teoria, e demasiado poder para quem pode vetar as decisões de um licenciado.
A verdade é que o número de empregos jovens, até teve algum crescimento. E é verdade também, que os números podem ser analisados com enorme boa vontade. É mais fácil a um licenciado procurar emprego, e em média o salário que irá receber será superior ao do não licenciado. Mas se aos números juntarmos o crescimento do emprego precário e dos estágios profissionais e profissionalizantes, percebemos que os números não são assim tão animadores para quem ainda procura emprego. E, sem terem essa noção muitas vezes, também para quem está na altura de decidir entre trabalhar ou prosseguir os estudos no ensino superior.
Mas o estado tem aqui um papel muito importante, e que terá que o assumir rapidamente. O ensino superior não é, nem pode ser um negócio. Então, por muito que uns milhares de novos alunos anuais em cursos falidos a nível de saídas profissionais, seja lucrativo, aquilo que representará a saída de toda essa gente para um mercado de trabalho que não os conseguirá absorver, poderá resultar, não só em gastos directos do estado, como em revoltas sociais e até mesmo em problemas psicológicos para os futuros desempregados. Está na hora de fechar cursos, e de limitar as entradas noutros. Acompanhando tudo isto com incentivo à formação profissional e técnica dos finalistas do 9º e 12º ano de escolaridade.
É urgente legislar de forma mais apertada, os contratos de trabalho. Acabar com os absurdos dos 6 anos de contratos a prazo, e fiscalizar os que passam desse limite ilegalmente, e dos contratados a recibos verdes.
Texto publicado na edição de hoje, 4 de Abril 2008
do "Povo de Guimarães"
na coluna "Abertamente Falando"
Antes de mais parabéns pelo post. Este texto vem numa altura em que o ministro disse durante a semana passada que o país tem falta de licenciados...e na minha opinião tem mesmo. A questão é que o mercado tem sido inundado pelos licenciados da treta que tiraram um curso á pistola numa universidade da banhada e depois chegam ao fim vão parar ás caixas do continente. Não digo que se deva escolher um curso apenas pela empregabilidade, e não querendo ferir susceptibilidades, mas um aluno de 12º ano que entre no ensino superior e escolha um curso via ensino só pode estar com o juízo a arder. Eu também podia ter escolhido a via mais fácil e em 3 ou 4 anos tar com o canudo na mão...Obviamente que depois ia estar anos a fio no desemprego. E com a formação certa pouco te importa que o emprego seja para um ou dois ou meia dúzia de anos...é do género sais de um e na volta no próximo ainda te pagam mais...é claro que para isso não se pode escolher sempre a via mais fácil e tu sabes isto tão bem como eu. A não ser que se tenha pais ricos...aí pouco importa...xD desculpa lá isto já tá longo. Um abraço,
Tiago
A questão é velha certo? Nos anos do Professor Cavaco Silva deu-se uma generalização da educação, caindo por terra muito do que seria um ensino público e menos negócio. Ora, o Estado é portanto absolutamente responsável, pois precisa de licenciados, e até aqui tudo bem no argumento da massificação, mas em que áreas? Que caminho deveria ser escolhido e que regras deveriam ser impostas a estas escolas? Para mim, nota-se agora, que foram poucas, e salvando-se raras excepções o ensino privado criou apenas cursos de investimento reduzido e nesse sentido de colonagem fácil. Aqueles a que designamos de cursos de "lápis e caneta". Ora, partindo daqui logo se vê que faltam os engenheiros, os médicos e outros, safando-se do leque a economia e gestão que foi favorecida pelos crescimento em flecha do sector terciário próprio das sociedadas tidas como desenvolvidas.
Criou-se portanto uma anarquia de faculdades e cursos que nestas proliferaram, sem que muitos dos licenciados de hoje tenham entendido qual seria a sua empregabilidade futura. Obviamente que tal não significa que essas pessoas não teriam as mesmas ou melhores capacidas, mas foi a sua escolha, sendo estes na grande maioria dos casos apenas vitimas.
No mesmo sentido o Estado, pesado, clássico, lá se foi esqucendo também do que o páis poderia no futuro precisar...Enfim, nem uns nem outros!
Chegados aqui, claro que no pais faltam licenciados, mas também claro será que haverá licenciados a mais em determinadas áreas.
Outra questão e que está directamente relacionada com esta é a dos salários. Se a empregabilidade em certas áreas é reduzida, claro que por meia duzia de tostões o licenciado aceite um trabalho. Funciona inclusivamnte como um escape social e psicológico. Depois há um aproveitamento obvio do empregador que é conhecedor da situação. Ora, tal questão coloca os individuos com o 12ano praticamente fora do mercado de trabalho, pois os seus lugares estão ocupados por licenciados! Por isso, 12 ano técnico é fundamental...Esta sim é um certeza para além dos números.
Porque já vai longo e dava para uma longa e interresante discussão, deixo apenas os parabéns ao Paulo pela forma e escolha do tema.
Jorge Nunes
Respondendo primeiro ao Tiago: Totalmente de acordo. É claro nos últimos anos que existe cada vez mais gente, a chegar ao 12º ano e tentar o ensino universitário. Mesmo que isso signifique apenas, mostrar à familia que é um licenciado. A verdade é que toda a gente merece qualificação. É verdade que é um direito que nos assiste. Mas não será verdade também que muitas pessoas trocariam a formação superior, por cursos técnológicos, ou os pré-universitários, chamados de nível 4? Se a mentalidade não fosse tacanha ao ponto de achar que quem não tem curso superior é menos inteligente, ou menos capaz do que optou pela universidade, talvez menos gente sentisse "vergonha" em ser um técnico. E é verdade, que faltam técnicos e mesmo licenciados em demasiadas áreas para que ande tanta gente a entrar para cursos sem futuro.
Ao Jorge:
No minimo informação. Com mais informação por parte do estado ao 12º ano, ou ainda no 9º, os alunos já poderiam decidir com factos na mão, que curso pode ou não ser viavel numa perspectiva de empregabilidade, ao mesmo tempo da realização profissional. E com uma maior distribuição pelas áreas em falta, melhoravam os salários. Eu falo mais do que conheço. Em informática, área em que me estou a licenciar, existem muitos licenciados, mas são necessários. Ou seja, ainda existe uma maior oferta do que procura. E não é preciso muitos conhecimentos de economia para se perceber que só assim, os licenciados vão poder escolher as melhores condições de trabalho. Se esta proposta não chega, não importa. Tenho mais três para escolher...