Ambição do Minho à Galiza

Decorreu há duas semanas, no mosteiro de Tibães em Braga, a 23ª Cimeira Luso-Espanhola. Com a presença dos líderes dos governos e de um número significativo dos ministros de ambos os países.

José Luís Zapatero e José Sócrates, protagonistas assumidos de uma das relações de amizade mais forte a nível de líderes europeus, encontraram-se no Minho, e deixaram muita esperança para uma zona do país há muitos anos deprimida. É notório que existe, na zona, a necessidade de aparecerem projectos e investimentos. E para isso, é imperativo que se dê uma resposta cabal aos apelos, e sobretudo às potencialidades desta região.
Englobado no programa do encontro, esteve o lançamento simbólico da primeira pedra do Laboratório Internacional Ibérico de Nanotécnologia (LIIN).
Mais do que a importância inegável, a nível estratégico para a região, deste momento, foram as ideias, e as bases que ficaram lançadas, nesta cimeira, para que daqui surjam projectos notáveis.
Na ordem do dia estiveram, por razões óbvias de aproximação do Minho à Galiza, os transportes. Do lado espanhol, as ligações de comboio chegam à fronteira já em 2009, do lado português estão aprovadas, e com verbas asseguradas, as ligações Porto – Vigo, da qual a Associação Industrial do Minho já pediu uma alteração ao projecto, para que esta seja de alta velocidade, e Ponte de Lima – Vigo.

Com esta aproximação física de duas das regiões com maior potencial de desenvolvimento tecnológico na península, estarão criadas as condições, para o que o trabalho comece a ser conjunto, e o desenvolvimento de projectos Minho-Galiza, se destaque na conjuntura nacional, como sendo uma região de excelência, reconhecida fora de portas, e pelo papel fundamental para as economias dos dois países.
E os primeiros passos até já estão dados. As Universidades do Minho e de Vigo, já anunciaram o início do desenvolvimento de um carro eco-sustentável. Um projecto que integra valores que estão na ordem do dia, como as preocupações ambientais, mas que, fundamentalmente, poderá trazer para o noroeste da península ibérica investimento e reconhecimento internacional. E isto vindo de duas das instituições que maior responsabilidade terão de ter no desenvolvimento deste tipo de projectos, visto que a aposta dos dois governos é aproveitar as condições existentes, e criar novas infra-estruturas, afirmando esta zona como o Sillicon Valley” da Península. Isto a juntar, a tantos outros projectos, desde as fibras aos robots, que deste lado da fronteira, na Universidade do Minho já se vão desenvolvendo e exportando.

Zapatero pediu durante a cimeira entusiasmo das gentes de Braga com o projecto do LIIN. Mas, mais do que isto, é necessário juntar as diversas partes desta região. È necessário um entusiasmo generalizado, de toda a grande área do Minho. Com este e outros projectos. Só com um Minho forte, e desligado de bairrismos, unido a todos os níveis, isto será possível.
António Magalhães já deixou no último Plano Director Municipal, segundo o próprio, um espaço para a criação de uma ligação ferroviária, que passaria no Ave Park, nas Caldas das Taipas, e no pólo de Gualtar da Universidade do Minho, junto ao LIIN. Se também esta cooperação conseguir ser eficiente, estão mais do que lançados os dados, para a explosão e afirmação do Minho e Galiza. E aí sim. Eu acreditava que realmente Portugal e Espanha, possam lançar anualmente um projecto conjunto, como afirmou o líder do governo espanhol.


Texto publicado na coluna "Abertamente Falando",
in "O Povo de Guimarães", edição de 1 de Fevereiro de 2008

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